Reunião entre professores de universidades federais em greve e governo termina em impasse
Do UOL, em Brasília
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Andre Borges/Folhapress
Professores de federais em greve se reuniram nesta segunda-feira (23) com
representantes do governo para negociar o fim do movimento
Terminou em impasse a reunião entre os professores de universidades e
institutos federais e o governo federal realizada nesta segunda-feira (23) para
discutir as reivindicações da categoria, em greve há mais de dois meses. Uma
nova reunião deve ser marcada para esta terça-feira (24), mas ainda não há
definição de horário.
Após cerca de três horas de discussão, só houve avanços em relação à criação
de um grupo de trabalho sobre a carreira de professor, incluindo pontos como a
carga horária mínima e a questão do professor titular.
Para o principal sindicato que representa a categoria, no entanto, a formação
de um grupo de trabalho é muito pouco perto do que reivindicam. “Esperamos que
seja indício de um início de processo de negociação. Temos uma grande
divergência com o governo quanto à concepção [sobre a carreira de professor]”,
afirma Marinalva Oliveira, presidente do Andes-SN (Sindicato Nacional dos
Docentes das Instituições de Ensino Superior).
O governo alega que é preciso discutir mais sobre o assunto –até porque, diz
Amaro Lins, secretário de Educação Superior, não haveria consenso entre as três
entidades a respeito dos critérios para progressão da carreira. “É uma questão
de entendimento. Mesmo entre as representações sindicais, não há um consenso
sobre a progressão da carreira. Elas não chegaram a uma definição comum. Espero
que se chegue a elementos centrais que possam ser acordados por todas as
representações”, afirma.
"O governo só fez falas genéricas e esperou que a gente se posicionasse sobre
a proposta deles. Já entregamos um documento oficial na quinta-feira sobre o
nosso posicionamento e esperávamos uma resposta, mas até agora não aconteceu
nada ainda", criticou Eduardo Rolim, do Proifes (Federação de Sindicatos de
Professores de Instituições Federais de Ensino Superior), sindicato que
representa parcela dos professores.
Dois meses de greve nas federais
Foto 1 de 15 - 17.mai.2012 -
O Andes-SN (Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior)
deflagra greve nacional dos professores por melhores condições de trabalho Mais
Ronaldo
Santos/FotoArena/AE
Proposta do governo
O texto apresentado
pelo Ministério do Planejamento prevê mudanças no plano de carreira, que
entrariam em vigor a partir de 2013, e um aumento salarial que, de acordo com o
governo, poderiam chegar a 45,1% para o topo da carreira (professor titular com
dedicação exclusiva). A proposta ainda reduz de 17 para 13 os níveis de
carreira, uma das reivindicações do movimento grevista.
Sobre o montante de R$ 3,9 bilhões da proposta apresentada pelo governo, Lins
diz que, segundo o Ministério do Planejamento, não há margem para aumentar esse
valor.
Indagada se a categoria poderia recuar no valor exigido para aceitar a
proposta do governo, a presidente do Andes afirmou que a discussão no momento é
sobre conceitos e não valores. ”Estamos ainda discutindo concepção e
posteriormente vamos entrar na parte de valores. Não queremos ajustes pontuais,
mas [mudança] de concepção e a correção de distorções salariais.”
Segundo ela, a categoria propõe que haja isonomia entre os níveis e que tenha
percentual fixo de aumento para subir de um nível a outro. “Queremos uma
porcentagem fixa que seja incorporada aos vencimentos básicos pela titulação e
não como gratificação.”
Para o coordenador-geral do o Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores
Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), Gutemberg Almeida,
falta clareza na proposta apresentada pelo governo para os professores dos
institutos federais. Segundo ele, o Ministério da Educação quer puxar para si a
responsabilidade de definir os critérios sobre pesquisa e extensão, incluindo
carga horária mínima e máxima dos professores. “O MEC quer mudar algo que
compete aos institutos, que têm autonomia para definir isso e não apresenta
critérios claros. Não sabemos qual é a posição do governo.”
O Andes já havia anunciado mais cedo que as
assembleias das universidades haviam decidido por unanimidade não aceitar a
proposta.
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